Ocorreu na noite desta sexta-feira, 12, a abertura da Plenária 2025 do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), realizada no Auditório Carlos Vieira, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Neste ano, o encontro tem como tema “Educação, Soberania e Democracia – O Brasil é dos brasileiros e das brasileiras”.
Como acontece historicamente, a abertura da plenária se deu por meio de uma análise de conjuntura na qual a deputada estadual e presidenta do Sintego, Bia de Lima (PT), discorreu sobre o momento político do país. Segundo ela, a soberania do país não está à venda e destacou sua atuação diante da violência política de gênero sofrida na Casa Legislativa.
“O maior desespero desde quando cheguei aqui é porque não me calo. Eu nunca poderia imaginar que ao chegar na Alego, seria xingada como eu tenho sido, não desejo isso pra ninguém, são nomes tão feios. A primeira vez que fui xingada, eu confesso que fui pra roça rezar muito, pedir proteção e acima de tudo sanidade mental. Os ataques nunca pararam, todo santo dia, e chega uma hora que a paciência esgota. Isso chama-se violência política de gênero”, disse Bia de Lima.
“Como vamos fazer para que a juventude, as mulheres, tenham disposição para encarar a disputa partidária e depois enfrentar os desafios do parlamento, correndo o risco de não serem respeitadas? A minha sorte é que sou oriunda do movimento sindical, somos forjados na resistência. O que mais me entristece é o silêncio das outras três deputadas, porque não é uma questão partidária. Muitas pessoas veem o cargo de deputada como status, mas eu vejo como um trabalho, uma responsabilidade imensa com cada uma das pessoas que votaram para que eu estivesse aqui, e para todas as pessoas que querem o melhor, que buscam representação verdadeira. Nós precisamos mostrar que a política deve e tem que ser feita com respeito, honestidade e humildade”, pontuou.
A parlamentar ressaltou ainda os mecanismos promovidos pela governo de Goiás para desmobilizar as lutas sindicais. Segundo ela, os salários, atualmente, são compostos por diversas gratificações, o que aconteceu de forma estratégica, para que os trabalhadores não tenham a chance de se ausentar das salas de aula e reivindicarem seus direitos, frente ao desmonte promovido pela gestão.
“Quem está todos os dias na sala de aula tem sentido na pele a dificuldade. A pressão por resultados, assédio moral, sobrecarga de trabalho, cobrança aos readaptados, administrativos sem plano de carreira, plano de carreira que segue sendo achatado. E, de forma estratégica, o salário está todo composto por gratificações, o que é claramente um mecanismo para que os trabalhadores não faltem, não possam sair da sala de aula. Sempre fomos uma categoria presente nas ruas, nunca tivemos medo de fazer greve, não sei dizer quantas participei e organizei, contudo, atualmente, o governo tem artimanhas para nos fragilizar. Isso dificulta a soma na luta. No ano passado, no dia do professor, fizemos algo inédito. Foi a primeira vez que ao invés de fazer algo comemorativo, fizemos uma atividade de protesto contra a retirada de direitos”, reforçou a deputada.
A Plenária reúne em 2025 cerca de 700 legados e ouvintes de todas as regiões do estado, por meio das 36 regionais do Sintego.
Antes mesmo do início das falas das autoridades convidadas para a mesa de abertura, a tesoureira do Sintego, Iêda Leal, anunciou uma emocionante homenagem à deputada Bia de Lima por sua atuação parlamentar.
“Queremos com esta homenagem dar um abraço na maior liderança da educação do estado de Goiás. Uma mulher que luta, que resiste, que enfrenta suas batalhas. Queremos que esse abraço represente cada um de nós. A bia representa a cada trabalhador da educação, cada pai e cada mãe, portanto receba o nosso carinho e o nosso abraço”, afirmou Iêda.
Defensora aguerrida da Educação Pública, dos trabalhadores da categoria e, sobretudo, da soberania nacional, a parlamentar tem se manifestado firmemente nos últimos tempos sobre a importância da posição do presidente Lula de não se curvar a outros países diante de ataques e das tentativas de interferências no Brasil e, principalmente, tem resistido e enfrentado os ataques cotidianos, denunciando a violência política de gênero sofrida na Alego.
Durante o evento, presidentes das regionais entraram no auditório empunhando a bandeira do Brasil ao som da música “Para não dizer que eu não falei das flores”, música símbolo de resistência do movimento civil e estudantil durante o período da ditadura militar. O momento foi de grande emoção.
Participações
Componentes da mesa principal do evento, a deputada federal Adriana Accorsi (PT) falou sobre a honra e alegria de participar do evento. “É um momento de orgulho de ser brasileira. Essa semana o nosso país mostrou que é soberano, mostrou que não aceita bandido terrorista vir acabar com a nossa democracia, por isso, orgulho de vocês que mostram todos os dias que são os verdadeiros patriotas. Sem educação nação nenhuma vai para frente e vocês que estão se doando nas escolas, são fundamentais para a nossa sociedade”, reforçou a ela.
A vereadora do PT em Contagem (MG), primeira mulher negra a assumir a presidência da UNE, Moara Saboia, falou que os brasileiros estão em um momento importante, especialmente, porque agora estão voltando a respirar diante da impunidade. Segundo ela, viveu o golpe da presidenta Dilma Rousseff, enquanto presidente da UNE e, sentiu-se comemorando a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, porque significa justiça.
“Estamos comemorando essa condenação porque se trata de justiça, estamos comemorando porque se Bolsonaro tivesse sido punido enquanto deputado, ele nem teria se tornado presidente. Nesse caso, muitas das 700 mil pessoas que morreram na pandemia de Covid-19 poderiam estar vivas. Não podemos tolerar que pessoas como essas continuem sendo anistiadas, os poderosos fazendo o que querem sem nenhuma punição. Estamos voltando a respirar para conseguir avançar com o próximo período, estamos voltando a pautar avanços”, destacou ela.
O secretário geral da CUT-GO, Ueber Ribeiro, ressaltou que desde a sua eleição, a deputada Bia de Lima traz a classe trabalhadora para dentro do espaço legislativo sempre que possível, o que ele considera muito importante. “A CUT não poderia deixar de dar os cumprimentos ao Sintego, esse sindicato grandioso, que muitas vezes socorre e fortalece a CUT. A Bia já foi presidente da nossa central três vezes, uma mulher forte e muito batalhadora, que sempre fez a diferença na nossa luta”, reiterou.
Estiveram ainda na mesa diretiva do evento o presidente do Conselho Estadual de Educação de Goiás (CEE-GO), Flávio de Castro, e o gerente de Formação da Secretaria Municipal de Educação de Goiânia, Márcio Carvalho, que na ocasião representou a secretária municipal de Educação de Goiânia, Giselle Faria.
Votações
No sábado, 13, segundo dia da Plenária, os delegados participam pela manhã da aprovação do Regimento Interno do Sintego e da leitura do Texto Base, que inclui: plano de lutas; gestão democrática; luta contra as OSCs na Educação; fim da taxação dos aposentados; IMAS; IPASGO; a reforma da previdência nos municípios; piso dos administrativos e professores; plano de carreira dos administrativos e professores; jornada de trabalho – Não as 32 aulas; convocação dos concursados, entre outros.
Já durante a tarde será feita a Eleição da Comissão Eleitoral do Sintego; as explicações sobre as ações judiciais em andamento e mudanças no departamento jurídico da entidade; aprovação da campanha de filiação; aprovação da Resolução nº 001/2025; aprovação do Plano Orçamentário, com início das obras do Hotel da Educação; apresentação do patrimônio do Sintego e ainda a apresentação e aprovação da prestação de contas 2024.